Espiritualismo

O Espiritualismo é uma doutrina filosófica que afirma a existência de uma alma imortal no homem, isto é, de um princípio substancial distinto da matéria e do corpo, razão absoluta de ser da vida e do pensamento. Em sentido mais lato, doutrina que, além da tese referida, reconhece a existência de Deus, a imortalidade da alma e da existência de valores espirituais ou morais que são o fim específico da actividade racional do homem. É o contrário de materialismo.

O termo é aplicado freqüentemente, hoje, por espíritas quando querem se referir a correntes de pensamento ou religiões que esposam princípios semelhantes aos defendidos pelo espiritismo, mas não são propriamente a Doutrina Espírita.

Tal vocábulo também é empregado como referência à postura de certos indivíduos que possuem espiritualidade sem religiosidade: são contrários ao materialismo e, ao mesmo tempo, não estão filiados a segmento religioso.




Doutrina Espírita


A Doutrina Espírita é uma corrente de pensamento — nascida em meados do século XIX — que se estruturou a partir de diálogos estabelecidos entre o pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail e o que ele e muitos pesquisadores da época defendiam tratar-se de espíritos de pessoas falecidas, a manifestar-se através de diversos médiuns.

Caracteriza-se pelo ideal de compreensão da realidade mediante a integração entre as três formas consideradas clássicas de conhecimento, que seriam a científica, a filosófica e a religiosa. Segundo Allan Kardec, cada uma delas, se tomada isoladamente, tenderia a conduzir a excessos de ceticismo, negação ou fanatismo. A doutrina espírita se propõe, assim, a estabelecer um diálogo entre elas, visando à obtenção de uma forma original, que a um só tempo fosse mais abrangente e profunda, de compreender a realidade.

A sua base doutrinária é o Livro dos Espíritos, primeira das chamadas obras básicas escritas por Rivail. Nesse livro, consta o resultado preliminar dos diálogos estabelecidos por ele em diversas reuniões mediúnicas com o que seriam espíritos "desencarnados". A obra é dividida em 1019 tópicos no estilo pergunta–resposta, ordenados didaticamente pelo pedagogo. As questões levantadas em O Livro dos Espíritos serviram como base para os demais livros que compõem a Codificação espírita.

Segundo muitos de seus estudiosos[1], a doutrina espírita tem inspiração cristã, apesar das concepções teológicas bem diferenciadas no que diz respeito a conceitos como divindade, natureza humana, salvação, graça e destino. Para eles, Jesus Cristo é o espírito mais elevado que conhecemos em toda a história da Terra, bem como o modelo de conduta para o auto-aperfeiçoamento humano.





Princípios

A doutrina espírita, de modo geral, fundamenta-se nos seguintes pontos:

* na existência e unicidade de Deus, desconstruindo o dogma da Santíssima Trindade;

* na existência e imortalidade do Espírito, compreendido como individualidade inteligente da Criação Divina;

* na defesa da Reencarnação, como o mecanismo natural de aperfeiçoamento dos Espíritos;

* no conceito de criação igualitária para de todos os Espíritos, "simples e ignorantes" em sua origem, e destinados invariavelmente à perfeição;

* na possibilidade de comunicação entre os espíritos encarnados ("vivos") e os espíritos desencarnados ("mortos"), através da mediunidade;

* na lei de causa e efeito, compreendida como mecanismo de retribuição ética universal a todos os espíritos.

* O espiritismo crê na pluralidade dos mundos habitados. A Terra não seria o único planeta com vida inteligente do universo.


Além disso, podem-se citar como características secundárias:

* A noção de continuidade da responsabilidade individual por toda a existência do Espírito;

* Progressividade do Espírito dentro do processo evolutivo em todos os níveis da natureza;

* Volta do Espírito à matéria (reencarnação) tantas vezes quantas necessárias para alcançar a perfeição. Os espíritas não crêem na metempsicose, ou seja, a volta do Espírito no corpo de animal para pagar dívidas, como aceitam as religiões orientais em geral;

* Ausência total de hierarquia sacerdotal;

* Abnegação na prática do bem, ou seja, usualmente não se cobra nada por esta ou aquela atividade espírita;

* Terminologia própria, como por exemplo, perispírito, Lei de Causa e Efeito, médium, Centro Espírita. O espiritismo não preconiza o uso de termos como: corpo astral, karma, Exu, Orixá, "cavalo", "aparelho", "terreiro", "encosto", entre outros vocábulos utilizados por várias religiões e crenças, embora alguns espíritas, por razões culturais, façam uso de termos semelhantes;

* Total ausência de culto a imagens, altares, etc.

* Ausência de quaisquer rituais de batismo, culto ou cerimônia para oficializar casamento;

* A doutrina espírita incentiva aos praticantes do espiritismo o respeito para com todas as religiões e opiniões.

Há organizações cujas características não se coadunam com a proposta da Federação Espírita Brasileira de compreensão do espiritismo, e por isso não são consideradas pelas Federações Estaduais como representativas da doutrina. Para os espíritas, estas são organizações espiritualistas e não espíritas. Esta diferenciação tem gerado muitas controvérsias e discussões em ambos segmentos.

Embora a Doutrina Espírita não seja oriunda do Brasil, este é o país que possui a maior quantidade de adeptos. A Federação Espírita Brasileira, que integra o Conselho Espirita Internacional, é a principal entidade divulgadora da Doutrina Espírita no Brasil. Outra organização importante é a Confederação Espírita Pan-Americana, sendo que esta entidade não concebe o espiritismo como religião, centrando-se apenas nos seus aspectos filosóficos e científicos.

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